28 de maio de 2011

Arara Azul de Lear


Projeto de conscientização preserva ave que só é encontrada na Bahia

Há 30 anos, a Arara Azul de Lear está ameaçada de extinção. 
Fiscalização, além da ação de biólogos e ONGs posibilitou preservação.

Do G1 BA, com informações da TV Sudoeste
Arara azul de lear (Foto: Reprodução/ TV Sudoeste)Arara azul de lear (Foto: Reprodução/ TV Sudoeste)
A conscientização das comunidades na Bahia está ajudando na preservação de uma ave ameaçada de extinção: a Arara Azul de Lear. A ave de canto agudo mede cerca de 75 cm e só é encontrada no sertão baiano.
A beleza da Arara Azul de Lear se destaca ainda mais porque a ave gosta de voar em bando. O animal dorme em paredões de arenito numa área preservada entre os municípios de Canudos e Jeremoabo. Ela voa até 170 Km em busca de comida. Por ser dócil, a ave é uma das mais cobiçadas pelos traficantes de animais.
Há 30 anos, a Arara Azul de Lear está na lista de espécies ameaçadas de extinção. Na década de 80 havia registro de apenas 60 aves desta espécie na natureza, mas um censo realizado em 2010 pelo Instituto Chico Mendes localizou mais de 1.200 exemplares. O nível de ameaça baixou de Criticamente Ameaçada para Espécie em Perigo de Extinção.
Conscientização e ação
O avanço só foi possível graças ao trabalho de fiscalização e da ação de biólogos e ONGs. O trabalho começa com a preservação da Palmeira do Licuri ou do Licurizeiro como é popularmente conhecida. Essa é a árvore que produz o Coco do Licuri, alimento preferido da Arara Azul de Lear e que serve de matéria prima para outras atividades.
“Nós tínhamos que estimular algum tipo de renda alternativa, uma outra forma para incentivar as pessoas a preservarem o licuri. Então com o apoio da Fundação Loro Parqe, através do Instituto Arara Azul, nós iniciamos um projeto de geração de renda para as comunidades”, conta Simone Tenório, bióloga.
O plano de manejo sustentável começa com a numeração das árvores no campo. Um grupo do município de Santa Brígida trabalha junto e usa a consciência para retirar a palha no tempo certo.
“De forma predatória não adianta. De forma consciente, uma palha a cada 60 dias ou 90 dias”, destaca Mário Reis, artesão.

“A gente leva, chega em casa e senta para raspar, põe para secar e trabalha com todo o gosto”, completa Sueli Ferreira de Lima Silva, artesã.
Aos poucos a fibra da palha vai ganhando forma nas mãos dos artesãos. Elas fazem peças de decoração, porta joias, cestas e utensílios domésticos. A oportunidade de geração de renda é compartilhada por Seu José Valdo, a esposa e as filhas. Juntos eles moldam um futuro melhor para a família.
“É uma renda que a gente faz vários tipos de coisa. Tanto serve para alimentação, como para outras coisas que a gente compra, através da renda com o artesanato”, José Valdo Rosa, artesão.
Uma oportunidade de renda e preservação que está sendo multiplicada em outras comunidades baianas para garantir a continuidade das ações.
São nove anos do programa de conservação da Arara Azul de Lear e a cada ano ele se desenvolve ainda mais. Já são 44 artesãos trabalhando de forma consciente com a palha do licurizeiro nas cidades de Santa Brígida e Euclides da Cunha, na Bahia. As peças produzidas já são comercializadas para Salvador, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
“É muito bom para gente, porque a gente vivia aqui num lugar que não tinha muita coisa para fazer, então foi muito importante para a gente aprender a fazer estas coisas que não sabíamos”, avalia Edilene de Oliveira, artesã.
Assim a Arara Azul de Lear vai recebendo o valor que merece. No município de Euclides da Cunha ela é homenageada em praça pública. Fotos e textos são usados para despertar ainda mais a consciência de turistas e moradores

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